A República contra a Máquina

1- Não o mero viver, mas a busca da vida bela. 2- A Liberdade não se negocia, a Paz sim. "Pode-se imaginar um prazer e força na auto-determinação, uma liberdade da vontade, em que um espírito se despede de toda crença, todo desejo de certeza, treinado que é em se equilibrar sobre tênues cordas e possibilidades e em dançar até mesmo à beira de abismos. Um tal espírito seria o espírito livre por excelência" (Nietzsche. Gaia Ciência, parágrafo 347)

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quinta-feira, setembro 24, 2009

Brasil Potência?


Duas notícias desta semana revelam a importância crescente do Brasil no mundo. Uma notícia era sobre a economia brasileira, que recebeu o grau de investimento, sinalizando para a estabilidade e pujança da economia brasileira mesmo em um momento em que outros países vivem uma grave crise econômica; a outra notícia é que o presidente eleito de Honduras, Zelaya, deposto por um golpe militar, procurou abrigo na embaixada do Brasil em Honduras. Isso mostra a importância do Brasil na América Latina. Por que Zelaya procurou o Brasil e não outro país? Por que não procurou a ajuda da Venezuela? Porque o Brasil é o país mais forte da América depois dos EUA, e o governo brasileiro se posicionou claramente contra o golpe militar sofrido por Zelaya.

Nenhum país se torna potência mundial sem participar ativamente dos problemas e conflitos internacionais. Que essa participação se dê em defesa da democracia, em defesa de um presidentre legitimamente eleito e derrubado por um golpe é um ótimo começo.

A política externa brasileira tem sido criticada pela direita brasileira, principalmente pelo DEM. Eles parecem ser contrários a um fortalecimento da posição brasileira no mundo, pois consideram que o maior protagonismo brasileiro no mundo a partir de 2003 se resume a "aventuras e trapalhadas", como mencionou Demóstenes Torres (DEM-GO) ontem em discurso no Senado. Ora, são essas supostas "aventuras e trapalhadas" que deram maior visibilidade mundial ao Brasil, o que fez com que países como França e Alemanha defendam a entrada do Brasil no conselho de segurança da ONU. Não há dúvida que desde que a política externa passou a ser comandada por Celso Amorim o Brasil obteve maior visibilidade mundial, e que esta visibilidade foi acompanhada de um maior respeito e influência do Brasil no mundo. É curioso como a direita brasileira se satisfaz com uma posição diminuída do Brasil, será que eles têm saudades da época em que o Brasil era colônia? Nos EUA acontece o inverso, a direita é a favor de uma participação maior dos EUA no mundo, enquanto a esquerda é favorável a menos participação, são mais "isolacionistas".

Abaixo a coluna da Eliane Catanhede na Folha de hoje, que comenta o discurso de Lula na ONU:

Fala vende Brasil como líder de um novo mundo
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Discursos de presidentes brasileiros na abertura da Assembleia Geral da ONU são tradicionalmente importantes, têm peso e repercussão. Ontem, com um dado adicional: o presidente brasileiro agora é Luiz Inácio Lula da Silva, e o mundo é todo ouvidos para o que ele tem a dizer.
Mas, se o discurso de Lula na ONU foi para a comunidade internacional, para presidentes e primeiros-ministros, bem poderia -ou poderá- ser para o eleitorado nacional de 2010.Foi um libelo pró-Estado forte e exaltação ao Brasil grande, na linha da entrevista da ministra e pré-candidata Dilma Rousseff à Folha de domingo passado. Mas agregando crítica às potências gananciosas.
Os três eixos do texto, de quase sete páginas, foram a crise econômica internacional, acusando os países ricos e enaltecendo as medidas brasileiras; a necessidade de engendrar uma governança mundial mais estável e equilibrada e, às vésperas da Conferência de Copenhague, um alerta para as mudanças climáticas.
Não houve novidades nem frases de efeito que justificassem manchetes ao redor do mundo, mas o recado foi todo dado -e dirigido aos países ricos. Ou seria aos Estados Unidos diretamente?
Quando Lula fala em "refundar a ordem econômica mundial", ou que "caminhamos em direção ao mundo multilateral, mas também multipolar", ou, ainda, na "resistência dos desenvolvidos em assumir sua parte na resolução das questões climáticas", ele não está falando para outros, senão para o governo americano.
Fez ainda um lobby explícito para que o Brasil amplie seus espaços num mundo "sem hegemonismos", nos organismos internacionais e num Conselho de Segurança "aberto a novos membros permanentes".O presidente não deixou de falar do Brasil como "gigante do petróleo", mas priorizando a "condição de potência mundial da energia verde". Soa muito bem aos ouvidos politicamente corretos do público. Afinal, um dos trunfos políticos do Brasil é justamente a biodiversidade e o peso em foros internacionais nessa área. Lula encheu a fala de feitos contra o desmatamento, mas foi vago em propostas concretas.
Mas não deixou de garantir aplausos com uma questão pontual, que mexe com sensibilidades de toda ordem e em que o Brasil está metido até o pescoço: Honduras.
Ou seja: Lula falou como presidente de um país claramente em ascensão pós-crise econômica e pré-prioridade ambiental. E que se arvora em líder nesse novo mundo.

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