A República contra a Máquina

1- Não o mero viver, mas a busca da vida bela. 2- A Liberdade não se negocia, a Paz sim. "Pode-se imaginar um prazer e força na auto-determinação, uma liberdade da vontade, em que um espírito se despede de toda crença, todo desejo de certeza, treinado que é em se equilibrar sobre tênues cordas e possibilidades e em dançar até mesmo à beira de abismos. Um tal espírito seria o espírito livre por excelência" (Nietzsche. Gaia Ciência, parágrafo 347)

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quarta-feira, outubro 28, 2009

Uso eleitoral de obras é normal na democracia

Muitos criticam o uso eleitoral das obras e feitos de um governo nas democracias. Critica-se o fato de que os políticos, em geral, deixam as principais obras para o último ano de mandato, a fim de que sua inauguração esteja mais próxima das eleições e eles possam colher os frutos eleitorais. Como crítica moral sem nenhuma conseqüência na realidade, a crítica pode ser válida. Entretanto, para um analista político, essa crítica não tem valor nenhum, pois ela não adiciona nada ao nosso conhecimento da política tal como ela é e funciona. O políticos querem se manter no poder, e, nas democracias, isso se dá através de eleições, portanto, se os políticos forem racionais, farão de tudo para maximizar a quantidade de votos que ele ou seus aliados terão nas próximas eleições. Daí a proliferação de inaugurações e discursos em anos eleitorais. Não há um único político que não faça isto, pois se trata de uma necessidade para a sua própria sobrevivência política.

A acusação de que um ou outro político está transformando uma inauguração de obra em palanque eleitoral, faz parte do jogo de cena da disputa política. Os políticos que estão na oposição criticam o "uso político" das inaugurações. Assim que eles estiverem no governo, a situação se inverte: serão eles os acusados de "uso político" das obras públicas.

Raramente os políticos de oposição desperdiçam a oportunidade de ganhar votos de eleitores ingênuos acusando o governo do momento do "uso político" das inaugurações. Não seriam "políticos" se não fizessem essa acusação. Daí o caráter curioso das declarações de José Serra no Estadão de hoje, onde admitiu o "uso legitimo" dos dividendos da gestão, minimizando assim as críticas que ele poderia receber por fazer "uso político" de inaugurações ou obras em SP, mas também minimizando as críticas que, na esfera federal, o seu próprio partido, o PSDB, e seus aliados do DEM, fazem às inaugurações de obras do governo Lula, que, acusam, "são palanques eleitorais" para a candidata Dilma Roussef.
Abaixo a matéria do jornal o Estado de São Paulo (28/10/2009):


Colher ''dividendos políticos'' de gestão é legítimo, diz Serra

Ao mesmo tempo, PSDB acusa Lula de uso eleitoral de eventos de governo
Silvia Amorim

No comando do maior Estado do País, o governador de São Paulo, José Serra, afirmou ontem ser legítimo usar ações de governo para "colher dividendos políticos". O tucano é um dos nomes do PSDB para a disputa da Presidência da República em 2010. "A gente saber o que nós mesmos fizemos (no governo) é muito importante para poder explicar, defender e inclusive colher dividendos políticos, o que é legítimo dentro de uma ação governamental", afirmou o tucano, ao participar de cerimônia para sanção de um projeto de lei que tem como beneficiários em potencial cerca de 220 mil professores.

A declaração foi feita para uma plateia de parlamentares e dirigentes de escolas no momento em que Serra enfatizava a necessidade de todos conhecerem a fundo os detalhes do Programa de Valorização pelo Mérito. A nova medida permitirá aos professores da rede estadual até quadruplicar o salário ao longo da carreira. Ele, entretanto, foi breve no comentário e não deu detalhes de como acredita que deveria ser feita essa "colheita" política.

Na esfera federal, o PSDB e o DEM acionaram na Justiça o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, com a acusação de uso eleitoral de eventos rotineiros de governo. O caso que gerou a representação foi a visita de Lula e Dilma às obras de transposição do Rio São Francisco neste mês.

O secretário estadual da Educação, ex-ministro Paulo Renato, que acompanhou Serra na cerimônia, afirmou que a lei sancionada ontem à tarde poderia sim trazer "dividendos políticos". "A médio prazo certamente terá."

Serra tem criticado com frequência o PSDB por não explorar politicamente experiências bem-sucedidas das gestões tucanas pelo País. Já admitiu algumas vezes em público que considera o PT muito mais competente em capitalizar politicamente ações governamentais do que os tucanos. Em uma dessas ocasiões, o alvo da queixa era sua própria equipe de governo.

Ontem foi o segundo evento organizado pelo governo para divulgar o Programa de Valorização pelo Mérito aos professores. O primeiro, em agosto, foi quando Serra enviou o projeto de lei à Assembleia. Em seu discurso, contudo, Serra disse que não governa de olho no calendário eleitoral.

Mais uma vez, ele fez críticas sem mencionar o destinatário. "Para nós, educação não é discurso nem frufru. Chama empresários fala isso, fala aquilo, faz declarações, expressão de intenções, mas, na prática, fica no frufru até a próxima campanha", disse.

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