A República contra a Máquina

1- Não o mero viver, mas a busca da vida bela. 2- A Liberdade não se negocia, a Paz sim. "Pode-se imaginar um prazer e força na auto-determinação, uma liberdade da vontade, em que um espírito se despede de toda crença, todo desejo de certeza, treinado que é em se equilibrar sobre tênues cordas e possibilidades e em dançar até mesmo à beira de abismos. Um tal espírito seria o espírito livre por excelência" (Nietzsche. Gaia Ciência, parágrafo 347)

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quinta-feira, março 01, 2007

Livre Comércio - até a OMC tem dúvida sobre a "mão invisível" do mercado...

Publicação da Folha Online de 21 de fevereiro de 2007

Livre comércio não cria empregos, conclui estudo
Relatório conjunto da OMC e da OIT não vê relação entre
a abertura comercial e a redução ou o aumento do desemprego

EFE

As organizações mundiais do Comércio (OMC) e do Trabalho (OIT) reconheceram ontem não ter dados suficientes para garantir que a liberalização do comércio cria empregos e defenderam políticas nacionais eficazes para cumprir esse objetivo. Os dois organismos com sede em Genebra divulgaram ontem um relatório conjunto no qual procuram aprofundar a complexa relação entre a liberalização do comércio e a geração de emprego.

“O sistema multilateral de comércio pode contribuir para o aumento do bem-estar mundial e promover melhores resultados no emprego, um desafio enfrentado por todos os países-membros” da OMC e da OIT, afirmam no relatório os dirigentes dos dois organismos, Pascal Lamy e Juan Somavía, respectivamente. De acordo com o documento, embora “existam vários estudos empíricos, não é possível depreender uma mensagem clara deles”.

Nas últimas duas décadas de intensificação do comércio mundial não houve uma grande melhoria ou deterioração do emprego. Assim, “a única conclusão justificada é que isso depende de fatores nacionais”, acrescenta o estudo. Alguns desses fatores seriam as políticas macroeconômicas e trabalhistas, os investimentos estrangeiros diretos (IED), as novas tecnologias e o comportamento dos trabalhadores quando procuram emprego.

“A globalização pode ser positiva para a maioria dos trabalhadores dos países industrializados e em desenvolvimento, sempre que sejam aplicadas as políticas econômicas adequadas. No entanto, pode não incluir todos e não é possível ignorar suas repercussões de caráter distributivo”, afirma o documento. Segundo o estudo, o aumento da demanda por mão-de-obra qualificada é outro aspecto da globalização que tende a aumentar as diferenças salariais entre os trabalhadores.

“A teoria clássica estabelece que o comércio entre países industrializados e em desenvolvimento aumenta essas diferenças salariais no mundo industrializado”, continua o relatório, apesar de os autores afirmarem que o principal motivo dessas discrepâncias são as mudanças tecnológicas.

No que se refere à estabilidade do emprego, o estudo reconhece que estão muito difundidas as idéias de que o aumento da competitividade, a redução de obstáculos ao comércio e a maior integração entre os mercados causam o aumento da terceirização, um ambiente de trabalho “mais turbulento” e, com isso, mais desemprego.

No entanto, “os dados não comprovam esta tese”, sendo apenas possível afirmar que “a turbulência não gera um mercado de trabalho mais instável, mas sim efeitos mais negativos no caso da perda de emprego”. As organizações reconhecem que “há razões para pensar que existe um conflito entre eficiência e proteção, que, no entanto, não seria muito grave caso fossem adotadas as políticas de proteção adequadas”.

A liberalização comercial “pode ter efeitos tanto positivos como negativos” e, por enquanto, “os dados empíricos são muito limitados”, segundo os analistas, que reconhecem a importância de a abertura dos mercados ser gradual e conter programas de ajuste concretos para potencializar os benefícios do processo.

“A necessidade de programas de ajuste é maior nos países em desenvolvimento do que nos industrializados, onde os mecanismos de proteção social, por exemplo sob a forma de agências de emprego, ajudam as pessoas atingidas pelo desemprego.”

No entanto, os organismos internacionais reconhecem que, nos países em desenvolvimento, os sistemas de proteção social de ampla cobertura “podem não ser viáveis a curto prazo”, e apostam em outros, de menor duração e dirigidos especificamente aos afetados pelas reformas comerciais liberalizantes.

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