A República contra a Máquina

1- Não o mero viver, mas a busca da vida bela. 2- A Liberdade não se negocia, a Paz sim. "Pode-se imaginar um prazer e força na auto-determinação, uma liberdade da vontade, em que um espírito se despede de toda crença, todo desejo de certeza, treinado que é em se equilibrar sobre tênues cordas e possibilidades e em dançar até mesmo à beira de abismos. Um tal espírito seria o espírito livre por excelência" (Nietzsche. Gaia Ciência, parágrafo 347)

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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

O que chamo aqui de liberalismo?

Para Sandel, o núcleo central do pensamento liberal é a idéia de que o "eu" é anterior aos fins (valores, modos de sentir, agir e pensar) dados pela sociedade. Se o "eu" é anterior à sociedade ele pode escolher livremente entre esses fins. Nesta visão "liberal", uma sociedade justa é aquela que não procura promover nenhum fim particular, mas libera os cidadãos para perseguir seus próprios fins, de acordo com uma liberdade similar para todos. Portanto, nós devemos ser governados por princípios que não pressupõe nenhuma visão particular do "Bem". Esses princípios comuns, não seriam a maximização do bem estar ou da virtude, ou outra promoção do "bem", mas apenas os princípios que estão de acordo com o conceito de direito, uma categoria moral que tem prioridade sobre o bem, e é independente dele. Para a visão liberal, o que faz a sociedade justa não é a escolha de um fim almejado, mas é a recusa de escolher entre concepções concorrentes de bem. Na sua constituição e nas suas leis, a sociedade justa procura formar uma rede dentro da qual os cidadãos podem perseguir seus próprios valores e fins, de acordo com a mesma liberdade para todos. Segundo Sandel, de acordo com esse ideal liberal, o direito seria superior ao bem em dois sentidos. Em primeiro lugar, os direitos individuais não podem ser sacrificados em nome do bem comum (nesse aspecto o liberalismo seria oposto ao utilitarismo). Em segundo lugar, os princípios de justiça que especificam esses direitos não podem ser baseados em nenhuma visão particular de "vida boa". Segundo Sandel, esse é o liberalismo de grande parte da filosofia moral e política contemporânea (por exemplo, Rawls) e é herdeiro de Kant. O "reino ideal dos fins" que emerge da interação dos sujeitos autônomos é o reino ideal desse liberalismo (que se distingue do utilitarismo).

Essa é a maneira de pensar dominante na sociedade civil-burguesa. É a sua ideologia. O problema maior é quando até os que deveriam pensar apenas repetem esse mantra sem questionar seus pressupostos, ou seja, essa visão torna-se uma espécie de religião dogmática.

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