A República contra a Máquina

1- Não o mero viver, mas a busca da vida bela. 2- A Liberdade não se negocia, a Paz sim. "Pode-se imaginar um prazer e força na auto-determinação, uma liberdade da vontade, em que um espírito se despede de toda crença, todo desejo de certeza, treinado que é em se equilibrar sobre tênues cordas e possibilidades e em dançar até mesmo à beira de abismos. Um tal espírito seria o espírito livre por excelência" (Nietzsche. Gaia Ciência, parágrafo 347)

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sexta-feira, julho 11, 2008

Financistas, internacionalismo e guerra

"No movimento nacionalista dominante hoje em dia e na expansão do direito de voto universal, não posso deixar de ver antes de tudo os efeitos do medo da guerra, sim, e enxergo no fundo desse movimento que quem propriamente tem medo são aqueles eremitas monetários, internacionalistas, despatriados, que, por sua falta natural do instinto estatal, aprenderam a utilizar abusivamente a política, o estado e a sociedade como aparatos para o seu próprio enriquecimento, por meio da bolsa. Contra o desvio da tendência estatal para a tendência monetária, a ser temido desse ponto de vista, o único antídoto é a guerra e sempre a guerra: em cuja agitação fica muito claro, pelo menos, que o Estado não se fundamenta no medo do demônio da guerra, como instituição protetora dos homens egoístas, mas que no amor à terra natal e ao príncipe produz-se um ímpeto ético, que aponta uma determinação muito mais elevada. Assim, quando indico, como característica perigosa da política presente, uma mudança dos pensamentos revolucionários a serviço de uma aristocracia monetária egoísta e desestatizada, quando, do mesmo modo, compreendo a monstruosa expansão do otimismo liberal como resultado da economia monetária moderna, caída em mãos que lhe são estranhas, e vejo todos os males da situação social, incluindo a decadência necessária da arte, ou nascerem daquela raiz ou crescerem junto com ela num emaranhado: terei que entoar oportunamente um canto de louvor à guerra." (Nietzsche, O Estado Grego. Pg. 51)
Interessante, partindo de Nietzsche. Nietzsche percebe uma mudança nos pensamentos revolucionários "a serviço de uma aristocracia monetária egoísta e desestatizada" e identifica um elo entre os financistas e o pensamento "internacionalista". Estaria ele falando do liberalismo que surgiu após a queda dos jacobinos? O enterro das tendências republicanas antigas presentes nos revolucionários franceses?
O elo entre financistas e a ideologia internacionalista e cosmopolita também foi percebido por Burke, Tocqueville, Marx, Carl Schmitt e Koselleck.
Havia uma forte influência do republicanismo antigo na revolução francesa. O jovem Marx, que queria levar adiante o projeto da Revolução Francesa, afirma numa menção aos antigos:
"Se demonstrará que não se trata de traçar uma grande divisão do pensamento entre o passado e o futuro, mas de realizar os pensamentos do passado. Se demonstrará, finalmente, que a humanidade não aborda nenhum trabalho novo, senão que leva a cabo, com consciência do que faz, seu trabalho antigo" .(Marx, K. – "Carta a Ruge de setembro de 1843").
A Polis clássica, mas sem escravidão: era esse o projeto revolucionário. Quando os jacobinos foram derrotados, o marxismo herdou esse projeto. A questão da relação entre o cosmopolitismo e o republicanismo no pensamento de Marx é mais complicada.

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